Já sabemos que as mulheres ganham menos, violência e sexismo existem. Ao quadrado os textos que abordam o assunto. E digamos que nesse espaço a intenção é pensar, no âmbito textual, o impacto teórico dos investimentos feministas. Daí que descobrimos que está todo mundo acostumado a escutar sobre o assunto, que o feminismo nos coloca pouquíssimo em questão. Digamos que parte de suas armas foi neutralizada por excesso de uso, outra parte por anacronismo de uso e outra parte pela própria forma de pensamento que não força mais os limites – já distendidos – do reinante. Sim, o reino se expande (não necessariamente em largura) e o anacronismo não se mede na relação entre o objetivo “destruição do patriarcado” e a relativa igualdade e modernidade que alcançamos em 2009 (que tornaria inválido o referido objetivo). Ele se mede, ao contrário, na relação entre o poder invasor, explosivo (ou implosivo) e de pressão da teoria feminista, e a velocidade e capacidade de captura do “bem estabelecido”. Assim o feminismo parece um conteúdo inexpressivo do continente que ele tenta combater. E incomoda menos a questão de como tornar o feminismo continente, do que o problema de fazê-lo funcionar a partir de movimentos que subvertam e rachem o solo no qual ele se apóia.