Cabeça cheia
De interioridade.
Tendo se desfeito
em
Milhões de pedaços -
Agora todos sendo
Reagrupados.
Pela força
Da designação e hábito
Ter
Dentro de mim.
Viver assim, tão pesado
Esmagando o mundo,
Sobrecarregado.
Cabeça cheia
De interioridade.
Tendo se desfeito
em
Milhões de pedaços -
Agora todos sendo
Reagrupados.
Pela força
Da designação e hábito
Ter
Dentro de mim.
Viver assim, tão pesado
Esmagando o mundo,
Sobrecarregado.
Chegou o dia em que ele não virá
Acostumei que não tenha cheiro
Materialidade
Voz, cabelo
Pele, olhar
Não existe, e ainda sim
Chegou o dia em que ele não virá
Acostumei a não ter notícias
Não perguntar
Nem espero que ligue, apareça
Me deva – o que quer que seja
E ainda sim
Chegou o dia em que ele não virá
Não sei do toque
Ou do gosto, ou beijo – Esqueci
Como se move e
O dançar
Nem rastros
Das lembranças
E ainda sim,
Que saudade!
Daquele que não virá
Sempre foi um problema tentar conciliar tudo que se quer ser. Porque poucas coisas conseguem funcionar simultaneamente. A antropologia e o feminismo não funcionam simultaneamente (quando se exige um certo nível de lógica). O Outro - aquele que com quem se forma ou contra quem se forma?
O Corpo dissolve a pessoa. O Cérebro não consegue suportar. Reúne, reúne. Esqueceu que é corpo e o escamoteia como instrumento. O corpo luta, luta. Um pensamento corporalizante possui diversos centros, no final das contas. Assim como um corpo que faz o cérebro pensar no seu ritmo.
Reunir antropologia e feminismo. Antropólogas feministas. O feminismo ri: sabe que o diálogo é sempre assimétrico e ao mesmo tempo possui interesses em comum com a categoria que pretende estudar. A antropologia ri: sabe que a própria base de uma separação é vida cultural comum. Feministas não podem criar essa distância com relação à própria sociedade. Os Antropólogos o sabem, pois estão como fora de outra sociedade.
Só uma força como a cerebral poderia exigir que Antropologia e o Feminismo fossem Um. E isso não exclui que ambas consigam funcionar ( noutra perspectiva) em plena jocosidade.